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Foto do escritorNatasha Lorensen

Resenha do Livro: A luz que perdemos

Atualizado: 16 de jan.


SANTOPOLO, Jill. A luz que perdemos: duas vidas, dois amores, uma escolha. São Paulo: Editora Arqueiro, 2018. 272 p. 


Destino, decisões ou im(previstos) no meio do caminho chamado vida



Alguma vez você já parou e pensou: será que tudo que estou vivendo é obra do destino? Ou será que somente algumas coisas, talvez as mais importantes, sejam obra do destino? Talvez você seja do team cada escolha leva a uma consequência, e acredite que cada um é responsável por seu “destino”, a partir do momento que toma decisões. Mas pode ser que tudo seja obra do acaso, da sincronicidade, e, quem sabe, lá no fundo, para evitar que você seja tão responsável assim por tudo, tudo mesmo que acontece, você torça, de forma inconsciente, para que exista algum tipo de destino. Algo escrito. Predestinado. Em algum ponto da linha da vida. Então, e o livre-arbítrio, onde fica?

Não estou querendo aqui fazer uma tese sobre crer ou não em destino ou livre-arbítrio, qual deles é o melhor. Longe disso. Estou apresentando a você o tema de fundo do romance contemporâneo da autora Jill Santopolo, A luz que perdemos: duas vidas, dois amores, uma escolha. Ele trata exatamente disso: afinal, destino ou livre-arbítrio?

O enredo conta a história de Lucy e Gabe, que se conheceramm, exatamente, na faculdade, no dia 11 de setembro. O trágico dia do terror nas Torres Gêmeas, que abalou o mundo e matou centenas de pessoas.

Lucy e Gabe sentem-se atraídos de uma forma única e intensa, contudo, eles acabam não ficando juntos, apesar de frequentarem a mesma aula do Seminário sobre Shakespeare. Eles ainda irão se esbarrar pela faculdade até o dia da formatura. Mas... como pode existir destino ou livre-arbítrio, um dia, depois de formados, eles se reencontram e a paixão intensa reacende, fazendo-os retomar o romance de onde haviam parado, ou seja, desde o início.

Lucy é uma moça com uma família estruturada, com amigas leais e uma vida organizada. Está seguindo seus sonhos após se formar. Deseja fazer algo de melhor para o mundo. Gabe tem um passado complicado com o pai, não é muito de se abrir para os amigos, mas, como Lucy, também deseja fazer algo de melhor para o mundo. E esse sonho comum surgiu desde o 11 de setembro.

Por querer tornar o mundo um lugar melhor, para Gabe, é necessário que esse mundo seja explorado e suas mazelas mostradas a todos. Por isso, mais uma vez, ele e Lucy se separam. Seria o destino intervindo novamente, ou somente as escolhas de Gabe?


“Às vezes, tomamos decisões que achamos corretas, só que, mais tarde, percebemos que eram erros óbvios”.


A história é narrada por Lucy a partir de um ponto de vista do presente sobre o passado. Ela conta sua história para Gabe, não para o leitor. É uma história de 13 anos. No início da narrativa, cheia de detalhes, em especial sobre os sentimentos que Gabe deixou em Lucy, você notará que Gabe está bem perto dela, ela fala e faz perguntas a ele, sobre o que achou e sentiu em relação a determinado evento que eles viveram. Isso cria uma grande expectativa no leitor, que fica aguardando as respostas de Gabe.

E, nesse período de 13 anos, um novo personagem entrará na história: Darrem. Podemos considerar Darrem o contraposto na balança em relação a Gabe. Darem é o cara que passa segurança, que trabalha, quer uma família e... eu não posso falar muito para não estragar.

O texto é divido em 80 capítulos. Mas não se assuste! São capítulos curtos, que deixam o ritmo da narrativa mais rápido, criando uma atmosfera de não precisar aguarda longos parágrafos e capítulos extensos, para chegar aos "próximos episódios".

Eu me apaixonei pelo livro. A narrativa em primeira pessoa, com Lucy contando a história deles para Gabe, mexeu comigo. Foi intimista. Ela expressou muitos sentimentos guardados e pensamentos que levou tempo para trazer à tona. Isso fez eu pensar em meus próprios sentimentos, em minhas escolhas, nas coisas que não disse, que não expressei.

Eu recomendo a leitura de A luz que perdemos, primeiro por ser um livro sobre escolhas, sobre decisões difíceis, sobre perdas e dores. Mas também sobre esperança, sobre amor verdadeiro e sobre repensar a respeito de si mesmo à medida que o tempo passa, enfim, sobre amadurecimento.

Talvez o que eu possa considerar o ponto fraco do livro, seja o final. O final ficou um pouco aberto para o leitor que não é um leitor implícito, o leitor ideal. Talvez você fique na dúvida sobre o que aconteceu. Só talvez. Mas isso pode ser destino ou livre-arbítrio. Não é?

Jill Santopolo, tem um estilo fluido e constante de escrita. Muitas vezes, parece que ela se dirige a você, que está falando com você diretamente. Escrever sobre relacionamentos e, em especial sobre a forma como lidamos, não somente com os relacionamentos, mas com todas as emoções que eles nos trazem, é difícil, porém, a autora cumpriu bem essa tarefa.

Antes de escrever A luz que perdemos, seu primeiro romance para o público adulto, publicou diversas séries infanto-juvenis de grande sucesso. Nos agradecimentos do livro, ela conta que escreveu A luz que perdemos após “o fim de um relacionamento que achava que duraria para sempre”.



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